7 de out. de 2009

Juramento de Pitágoras

Juramento de Pitágoras

Everaldo Lins de Santana (professor de filosofia)


“Juro por aquele que à nossa alma confiou o quaternário, origem da natureza eterna”
(Pitágoras)

A reverência por algo ou por alguém que nos proporcionou uma compreensão do mundo é uma expressão reveladora do reconhecimento de que esse alguém ou esse algo assumiu uma importância, um tal sentido em nossas vidas de tal maneira que há uma necessidade de expor, de comunicar essa importância. E uma forma de torná-la patente consiste em jurar em nome daquele que o bem nos fez. Foi essa a atitude de Pitágoras.
Jurar, para os gregos, significava não sair dos limites, esse verbo, em grego, vem de “órkos” cujo sentido é recinto, cerca, limite, determinação. Jurar, portanto, é se colocar no recinto dos deuses. Entenda-se recinto como preceitos que os deuses nos propõem, e nós aceitamos como coerentes, prudentes e os seguimos fielmente. Ultrapassar esses limites é ruim para nós.
O quaternário, figura geométrica, foi o elemento fundamental para Pitágoras, e pelo qual ele compreenderia todas as coisas de que são feitas o mundo, o universo. Nós também precisamos de “quaternário”. Ele pode ser um amigo, uma palavra, um gesto, um carinho, o ato de ouvir. Quaternário é tudo aquilo ou aquele que nos faz entender as coisas, os outros, as pessoas ou a nós mesmos.
De fato, o quaternário foi o meio pelo qual Pitágoras expressou seu juramento por aquele que lhe depositou confiança. Todos nós deveríamos encontrar meios pelos quais pudéssemos também expressar nosso juramento como uma forma de reconhecimento de nossa humildade e fragilidade.