26 de nov. de 2007

...o que fazer, então?

A pessoa triste, insegura, angustiada, agitada, nervosa, impaciente e violenta reflete o estado psicossomático em que se encontra.
Através de uma situação patológica, como a exposta acima, constatamos a crise sem precedente em que a humanidade vive. Não é um conflito oriundo apenas de aspecto social, político e econômico como alguns entendidos em estudos humanos pensam, porém esse quadro psicológico pode ser interpretado como um desequilíbrio interior, uma confusão profunda, enfim, um vazio espiritual. Como resolver esse problema avassalador? Que modelo de vida podemos seguir? Qual será o limite dessa situação? Que ser humano somos nós? Essas são perguntas que pairam no ar, sem respostas talvez.
As conseqüências dessa fase nebulosa do ser humano são: ódio, ânsia de riqueza, corrupção, descrédito nas leis, exagero sexual, competição desleal, inveja, desamor, agressividade, modismo doentio, doenças, chacinas e muito mais.
Para resolver esses problemas, o ser humano, ser frágil, busca as fugas, as soluções fáceis, tais como, curandeirismos, jogos, drogas, sexo, pseudo-religiões, pseudociências, novelas, "músicas" etc.
Esses expedientes artificiais solucionam as dificuldades intrínsecas e existenciais de cada pessoa? São eles panacéiais? Antes de nos interessarmos por estas alternativas, não deveríamos descobrir, por nós mesmos e pelos nossos relacionamentos cotidianos, o fundamento desse vazio espiritual? Sabemos que as "fugas" e as "soluções fáceis" nos dão prazer, calma aparente, dinheiro, bem-estar passageiro, "autoridade", poder sobre pessoas, domínio, vaidade e segurança; entretanto continuamos medrosos, desumanos, zombadores, dissimulados, avarentos, gananciosos, intolerantes, desamorosos e insensíveis.
O que fazer, então?

Prof. Everaldo Lins – filósofo

15 de nov. de 2007

Rondoniense por emoção

(A construção de Rondônia analisando discursos.)

Sinto-me um pioneiro,
Paulistano de nascimento
Rondoniense por emoção
Fugi da cidade grande
Procurei um lugar
Para ancorar meu coração

Aqui passei dificuldades
Por várias vezes peguei malária
Passei por muitas necessidades
Da minha terra não trago saudades
Da correria da cidade grande
Quero distancia e não facilidades

Conheci mesmo sem querer
Atoleiros bichos diferentes
Conheci arvores e frutas
Que nem sonhava existir
Mesmo sem querer vi índios
Que devido a minha ignorância
Fizeram-me fugir

O tempo passou embalado
Pelo barulho das motos serras
Das catracas dos caminhões toureiros
Era um boom sem fim
As arvores caindo e eu
Nem dando conta de mim

Aqui neste rincão
Achei minha tampa
Dona Ivone a quem amo
É a dona do meu coração
Meus filhos nasceram
E são minhocas da região

As noites escuras
A chuva no telhado
Lamparinas acesas
Deixando tudo enevoado
O pio dos pássaros
São coisas do passado

As pessoas eram iguais
Ninguém tinha menos
Ninguém tinha mais
Mas o instinto da ganância
Mudou estas gentes
Uns viraram fazendeiros
Outros madeireiros


Nunca cortei uma arvore
Nunca matei um animal
Mas sei que minha presença
Alterou este local
O rio em que eu me banhava
Virou um lamaçal

Prédios casas e praças
Dão conforto ilusório
A energia elétrica me tira o sossego
Para onde foram as corujas
As pacas as cutias e os morcegos
Eu era feliz e não sabia

Dentre todas minhas profissões
Tem uma que me é especial
Sou professor sem dinheiro
Mas com orgulho de um nobre
História é a minha área
Sou história e história faço

Não se torce os galhos
De uma arvore adulta
Quanto mais nova
Mais fácil
Acredito nas crianças
Este é o trabalho que abraço

Para purgar minhas culpas
De minha presença incomoda
Prefiro as crianças
E a elas levo o conhecimento que adquiri
Preservar a natureza
E já é tarde para agir

Com os amigos Tulha e Massur
Criamos uma ong e a CEPEMI
Não há de dormir
Como presidente eu garanto
Não vamos desistir
Lutando por este ambiente
Que ajudamos a destruir

Prof.Wolney Blosfeld

16 Anos

Para dizer a verdade pretendia nomear este texto apenas com o 16. Mas o pessoal que anda lendo poderia pensar que maluqui de vez, pois há poucos dias “soltei” umas outras linhas de pensamento com o título de 45. Naquele um dos temas centrais era o convite a olhar a bunda dela na capa da revista.
Agora a coisa é séria. São os 16 anos.
Por isso não poderia ficar só no 16, precisei adjetivar o numeral. A qualidade desse numeral, que posa de substantivo, é o fato de ele ter idade; não é um 16 qualquer, mas um total de anos.
O propósito desta discussão? Explico!
Li uma reflexão do prof. Paulo Ghiraldelli Júnior (pgjr23@yahoo.com.br), numa lista de contatos regulares. Nesse, e.mail em questão, ele distribuía sua reflexão publicada no jornal O Estado de São Paulo. Na parte que nos interessa diz o seguinte:
Parece que foi ontem, mas já faz 16 anos do fim da União Soviética (URSS). Esse número de anos é importante, o 16, pois é exatamente a idade que um brasileiro precisa ter para ganhar direito de voto. Assim, no próximo ano estarão com direito de voto os brasileiros que nasceram num mundo em que o comunismo não só deixou de existir, mas passou a aparecer na TV como o segundo mais importante vilão político do século 20 (o primeiro continua sendo o nazi-fascismo).
Esses eleitores podem bem ser os filhos dos jovens brasileiros cujas idades são equivalentes às dos que estiveram dando marretadas no Muro de Berlim.
Podemos dizer o que quisermos a respeito daquela situação; podemos condenar ou canonizar o “comunismo”; podemos dizer que a queda do Muro foi mais um golpe de marketing do que de ideologia... mas o fato é que esses dois eventos – fim da URSS e queda do Muro – foram episódios, se não conduzidos, ao menos que contaram com a adesão massiva e maciça de jovens sedentos de liberdade e com objetivos políticos; podemos até dizer que aqueles eventos, como alguns outros, em outras épocas, ocorridos em vários lugares, podem ter sido manipulados por “forças ocultas”. Mas não podemos negar a participação dos jovens.
Mas aqueles jovens cresceram; 16 anos depois, possivelmente seus filhos, como os nossos, no Brasil, se defrontam com uma situação, problemática: a crise dos rumos; crise de identidade; crise de valores... ou seja lá o que dissermos, o fato é que estamos numa época de crise!
Não vamos ser hipócritas e olhemos somente para nosso país. E aqui constataremos uma crise sem precedentes. Trata-se de uma das piores crises de nossa história: trata-se da crise de perspectivas, ou de rumos.
Não enxergamos perspectivas e não oferecemos perspectivas. Perdemos o norte. E nossos jovens são o reflexo dessa crise. E com isso chegamos ao tédio. E chegar a esse ponto é não ter rumos, objetivos... é ante-sala da morte.
Outra vez me sirvo do prof. Paulo que, embora fale com outras palavras e em seu discurso negue a crise, afirma o mesmo que estou dizendo: não sabemos para onde ir!
O que oferecemos aos jovens? Somos pessoas que passaram pela ditadura militar, que nos deixou marcas. Somos pessoas que viveram já 22 anos de democracia, mas não tiramos o País do Quarto Mundo. Mas, como não estamos vivendo uma crise grave, nos levantamos e vamos para o trabalho, cumprimos nossas funções, voltamos para casa e assistimos à TV. Se Renan Calheiros traz mais gente para posar nua, avaliamos - de preferência na internet, pois a revista está cara. E no outro dia fazemos tudo igual. Lutamos para chegar ao que os americanos chamavam de “o tédio da democracia”. Estamos contentes pelo tédio. Pois todas as vezes que nos tiraram do tédio, no passado, não foi bom. Ou foi para nos acordar à noite, nos chamar de subversivos e nos engaiolar, ou foi para nos tomar algum dinheiro por meio de um plano econômico maluco. Então, passamos a dar valor ao tédio.
Ora, o problema é que a juventude odeia o tédio. O nosso gosto pelo tédio não atrai os jovens. Não temos nada de encantador na democracia para oferecer? Tenho uma idéia para quebrar o tédio, a de dizer aos jovens o seguinte: nossa democracia não está acabada, vocês podem ser revolucionários se perceberem que democracia não é só a realização da vontade da maioria, mas a vontade da maioria associada ao respeito pelos direitos das minorias. E nisso há muito que se fazer no Brasil.
Mas nossa falta de rumo, a crise de perspectivas, atinge também a juventude. Por isso vemos nossos jovens, no alto de seus 16 anos, desmotivados de tudo. Descrentes de tudo. Desinteressados de tudo. Olhando para tudo como se isso fosse nada.
E aí me vêm, com essa coisa estapafúrdia de voto. Querem nos fazer votar para dar legitimidade ao desmando, ladroagem, corrupção, desvio de dinheiro público... e querem que os jovens, já aos 16 anos, sejam parte do processo de legitimação desse teatro dos horrores misturado com pastelão e pornochanchada
Estão fazendo até uma campanha ridícula para recuperar o descrédito a que está relegado o título de eleitor. É só olhar para a TV que a gente vê.
E assim estamos: há 16 anos sem contraponto. Aos 16 anos, prestes a cair na tentação do voto. Com 16 anos sem criar perspectivas. E, o que é pior, caminhando na direção da morte dos sonhos.

Neri de Paula Carneiro - Filósofo, Teólogo, Historiador
neri.car@hotmail.com
Leia mais:
www.filohistoria.com.br

Véus de Rondônia

O prof. Wolney acredita que é possivel lermos o hino de Rondônia com mais perspectiva de realidade e fidelidade histórica. Diz ele "Uma proposta mais adequada para o Hino de Rondônia"

Quando nosso céu se escurece
De tanta revolta da destruição
Nós os habitantes de Rondônia
Ficamos pasmados
Com tanta devastação
Como pessoas conscientes
Das mazelas da nação
Que nestas terras antes belas
Presenciam
A sua degradação

Neste eldorado tão distante
A natureza é exterminada diariamente
Os nossos índios a fauna e a flora
Morrem sem ser conhecidos pelas gentes
Maquinas e mentes vão corroendo
A beleza deste rincão
Que com tristeza nos lembraremos
Quando não houver mais solução

Azul nosso céu já foi azul
E deus permitiu que fosse assim
As hidroelétricas engolindo
Este é o triste fim
Aqui toda vida tem valor
Um valor dolarizado
E se foram nossos lagos
Nossos rios e os macacos
E tudo isso teve fim.

Letra: Prof.Wolney Blosfeld
Música: Dr. José de Mello e Silva