Desde Tales de Mileto, século VI a.C., até hoje, os filósofos refletem, de modo radical, sobre o fenômeno religioso.
A tese do filósofo Tales é: "tudo está cheio de deuses". Mas, o que leva Tales a iniciar a filosofia com essa afirmação? Eis aí uma pergunta não muito simples de ser respondida.
É por volta do século VI a.C. que surge a filosofia e particularmente a filosofia da religião. Mas, por que a filosofia, enquanto expressão máxima da racionalidade, toma como objeto de pensamento o que aparentemente está ligado à fé: a religião?
Por que o advérbio "aparentemente"? Ora, religião não é algo essencialmente fundamentado na fé? Vejamos o que diz o filósofo e teólogo Tomás de Aquino: "a existência de deus é afirmada não como ato de fé, mas como fato da razão". Pode-se pensar, falaciosamente, que Tomás nega a fé, o que não é verdade. Embora fé e razão sejam conceitos diferentes, nas suas várias obras, Tomás de Aquino tenta conciliá-los e consegue.
É importante compreender que o objetivo da filosofia da religião está relacionado com estes pontos: 1) a ordem da religião; 2) crítica da religião; 3) fundamentos metafísicos da fé; 4) a razão como critério de verdade para o fenômeno religioso e, por fim, a problemática do absoluto.
Além desses objetivos, filosofar sobre a religião não é levantar bandeira de ateísmo nem de agnosticismo; é, sim,ser cauteloso, ser prudente, ou seja, exercer o senso crítico, a luz da razão nas reflexões sobre a prática e as atividades religiosas.
Se a filosofia é uma crítica radical sobre a realidade e se tomarmos o Absoluto como problema, ou melhor, como uma questão fundamental para o homem religioso, vale perguntar: o que é ou quem é Deus? Esse é um questionamento fundamental para o filósofo da religião, embora não seja fácil a resposta, o que se confirma com as palavras do filósofo e teólogo Santo Agostinho: "quando me perguntam o que é Deus, eu não sei; mas, se não me perguntam, eu sei".
Everaldo Lins de Santana - filósofo
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